PATRIMÔNIO TOMBADO
Flávio de Lemos Carsalade é arquiteto e presidente do IEPHA/ MG e o mesmo publicou um bom texto sobre o impacto econômico de Patrimônios Históricos Tombados e sua influência na economia local (veja o site www.pdturismo.ufsj.edu.br/artigos/mktcultural.shtml). Abaixo transcrevemos o texto do arquiteto.
“O patrimônio histórico é hoje importante nicho de negócios na área do
marketing cultural, movimentando grandes volumes de investimentos e
com grande presença na mídia face à visibilidade social dos imóveis históricos”.
Para que possamos perceber com clareza a importância desse
nicho de negócios, convém examiná-lo na sua especificidade com relação
às demais modalidades do setor cultural.
O patrimônio cultural não se restringe apenas a imóveis oficiais isolados,
igrejas ou palácios, mas na sua concepção contemporânea se estende a
imóveis particulares, trechos urbanos e até ambientes naturais de importância
paisagística, passando por imagens, mobiliário, utensílios e outros
bens móveis. (...) Outra característica importante do Patrimônio Histórico
é a grande pressão social no sentido de sua preservação, o que acabou
ensejando um grande número de leis, incentivo e linhas de crédito específicas
para o setor que, se combinadas com as da cultura de um modo
geral, complementam e ampliam o seu poder atrativo.”
“Assim, cada vez mais o patrimônio deixa de ser objeto de museu e se
insere no desenvolvimento econômico-social, começando a fazer parte
das relações cotidianas da sociedade, deixando de ser um campo isolado, tangível apenas em alguns momentos especiais”. Como alternativa de
desenvolvimento se mostra, inclusive, como importante aliado à geração
de empregos, na medida em que inova o mercado, cria novos campos de
trabalho e propõe a necessidade de qualificação de mão-de-obra. As mudanças
contemporâneas nas dinâmicas urbanas, na prestação de serviços
e nos modos de produção e estocagem reforçam a tese de inserção do
patrimônio histórico na economia.
Podemos citar alguns exemplos. O “revival” de centros históricos, com seu
charme, sua diferenciação e seu potencial tem acontecido em todo o mundo
e possibilitado recuperar centros que apresentavam grandes problemas
urbanos, face ao seu abandono. Revitalizados, eles se tornam centros turísticos
e de vitalidade econômica. Muitas vezes, os próprios edifícios em
áreas abandonadas têm um potencial enorme face às suas características
físicas, se prestando a um sem número de novas funções. A este respeito
podemos citar os galpões portuários que, com a mudança do processo de
estocagem para “containers”, resultaram em diversos novos usos desde
residências (Puerto Madero, em Buenos Aires) até “Shopping Centers”
(Fisherman’s Walf, em são Francisco)”.
“...A inserção do patrimônio histórico no desenvolvimento econômico e
social envolve modalidades econômicas de crescimento exponencial na
cena contemporânea como turismo, cultura e lazer. Considerando que
grande parte do turismo se faz baseado no patrimônio histórico, é possível
compreender o alcance dos investimentos que nesse patrimônio deverão
ser feitos nos próximos anos.”
“Dentro do cenário que acabamos de descrever, se insere um mercado
altamente competitivo, onde o empresário se distingue pela criatividade
e pelos nichos de negócios que consegue estabelecer. Para tanto, o patrimônio
histórico oferece um campo enorme. Se a isto acrescermos os
incentivos do marketing cultural, temos uma importante combinação de
demandas e oportunidades”.
“Em uma sociedade que se sofistica cada vez mais e na qual os negócios
têm seu sucesso baseado no diferencial, na criatividade e na descoberta
de novos nichos, o patrimônio histórico se destaca no cenário empresarial
Na medida em que combina opinião pública, legislação, recursos públicos
e contrapartidas a excelentes oportunidades de negócios, o patrimônio histórico
desponta de forma promissora para o ramo do marketing cultural”.
Realmente um Patrimônio Tombado sendo bem explorado pela iniciativa pública e privada pode ser um meio de fomentar a economia local. O turismo bem planejado pode ajudar a sobrevivência de pequenas comunidades que possua um Patrimônio em seu território. Algumas cidades exploram economicamente seus patrimônios religiosos como a cidade de Aparecida, Jerusalém, Roma e Meca. O turismo ecológico da Amazônia e de áreas de Preservação Ambiental também tem sido exploradas de maneira responsável trazendo um desenvolvimento sustentável para a comunidade local.
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